Inesperadamente goleiro: Maicon não foi o único

O zagueiro foi o quinto jogador de linha a defender o Tricolor sob as trave

 

O zagueiro Maicon, ao atuar como goleiro do time são-paulino por quase cinco minutos nos momentos finais da partida da última quinta-feira – em que o Tricolor conquistou classificação para as oitavas de finais da Copa Libertadores –, se tornou o quinto jogador de linha a jogar também sob as traves da meta, em toda a história do clube.

Mais que isso. Com duas intervenções importantes, quando o time boliviano alçou bolas na área no desespero de alcançar alterar o placar, Maicon garantiu o resultado favorável ao São Paulo e se igualou a outros dois inesperados “goleiros” que defenderam o clube sem serem vazados.

Contudo, somente Maicon participou efetivamente de lances decisivos, que salvaram as redes tricolores de serem balançadas.

 

COZINHEIRO

Em 20 de junho de 1937, no Parque Antárctica, o São Paulo venceu o São Paulo Railway (atual Nacional) por 3 a 1 em uma partida para lá de conturbada. Faltando pouco mais de um minuto para o fim, um conflito generalizado entre os atletas resultou em três jogadores do time dos ferroviários (Cipó, Guedes e Carlos Leite) expulsos. Annibal, Felipelli e Xaxá, do Tricolor, também foram excluídos da partida, além do goleiro King.  

Assim, o médio Cozinheiro – apelido de Antônio Luiz – foi para a baliza. Entretanto, não teve que praticar defesa alguma. Em pouco tempo o árbitro encerrou a partida.

 

BELLETTI

O outro “arqueiro” improvisado que saiu sem sofrer gol em sua campanha sob às traves foi o lateral-direito Belletti. Contudo, o São Paulo saiu derrotado do jogo em que defendeu o gol, contra o Santos, em 10 de maio de 2000, no Morumbi.

O Tricolor empatava com time praiano por 1 a 1 quando, aos 40 minutos do segundo tempo, o árbitro Paulo César de Oliveira expulsou o volante Axel. Três minutos depois o Santos passou à frente no marcador com um gol polêmico, em que a bola possivelmente não atravessou a linha completamente. Por reclamação, o goleiro Rogério Ceni foi expulso aos 45 minutos. Como o time são-paulino já havia realizado três substituições, coube a Belletti defender a meta. O lateral, contudo, pouco teve a fazer até o fim do jogo.

Em outras duas oportunidades um atleta de linha do Tricolor foi jogar como goleiro, porém – ou como infelizmente se espera em situações deste tipo – acabaram sofrendo gol.

 

LUIZINHO

No longínquo ano de 1931, quando não eram permitidas substituições em jogos de competição oficial, o São Paulo enfrentou o Palestra Itália, fora de casa, e perdeu por 3 a 2. Nesta partida, ocorrida em 1 de maio, o primeiro goleiro da história do Tricolor teve sua carreira abruptamente encerrada no começo do segundo tempo: Nestor de Almeida se contundiu gravemente no joelho e deixou o gramado... para sempre. No lugar do guardião ficou o ponta-direita Luizinho.

Para piorar, o ponta-esquerda Armadinho também havia se machucado. Com dois atletas a menos, o time são-paulino se postou heroicamente em campo (principalmente os defensores Clodô e Barthô, e Bino, na linha média), não deixando o time mandante chutar uma vez sequer em gol, mesmo de longe, durante quase toda a etapa complementar. Mas aos 42 minutos, o tento injusto de Aldo aconteceu e Luizinho nada pode fazer para impedir a derrota.

 

GUSTAVO NERY

O último caso, justamente também a última vez em que esse tipo de fato havia acontecido, antes da partida de quinta-feira passada, se deu em 24 de julho de 2003, no Morumbi, quando o São Paulo enfrentou a Ponte Preta pelo Campeonato Brasileiro. O Tricolor já estava com um jogador a menos dentro das quatro linhas (Júlio Santos fora expulso aos 37 minutos do segundo tempo), quando Rogério Ceni recebeu o cartão vermelho após ser advertido mais uma vez com o amarelo, em falta fora da área.

Novamente com todas as substituições já realizadas, a camisa de goleiro caiu nas mãos do lateral esquerdo Gustavo Nery, que, contudo, não resistiu à bola lançada na área e ao cabeceio de Rafael, que marcou o gol da vitória da Ponte Preta, por 2 a 1, aos 48 minutos da etapa final.

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Por Chiquinho Botelho